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sobre Carolina

"Sei que há em toda circunstância alguma espécie de dádiva que o meu coração, tantas vezes míope, não consegue enxergar bem, de longe. O tempo, aproxima as lições. A minha vida reverencia essa sabedoria. Não sei nada, na maioria das vezes não entendo nada... ... ... ... ... MAS EU TENHO FÉ."



diversos



MEMORIES


quarta-feira, 18 de maio de 2011

Penseira, Georgia

 "Se você pudesse voltar no tempo 10 anos, e se encontrar com seu 'eu-criança', o que diria?"

Eu tenho quinze anos. As pessoas olham para mim e não me vêem realmente, vêem o que está por fora, o que quero mostrar, o que quero que saibam, sintam, descubram. Somos todos assim, não é verdade? Ninguém poderá dizer que se mostra cem por cento para os outros, está na nossa essência nos preservarmos, nos guardarmos para si.

Então... Eu tenho quinze anos, voltando dez anos eu me encontraria sentada na calçada de minha casa, com os pés pendurados, pensando na vida. Eu tenho cinco anos e estou pensando na vida, eu não escondo minha verdadeira essência, ainda não aprendi que o Mundo não é fácil, ainda enxergo tudo com aqueles olhos otimistas que só crianças podem ter. Eu tenho só cinco anos e estou pensando na vida, você não entende? Tenho vontade de gritar para o Mundo que não deveria ter sido assim, ninguém viu o que acontecia com essa criança? Um suspiro. Um passo. Me aproximo.

Sento ao meu lado, e me encaro. O que vejo? A criança me olha e eu posso saber exatamente o que ela pensa, por que eu já fui ela, eu a entendo. Ela gosta do que vê, e isso me faz sorrir, mais ainda: tenho vontade de pegá-la no colo e protegê-la, quando ela pensa que gostaria de ser assim, quando crescesse. Ninguém fala nada, não é realmente necessário.

Voltando agora, eu penso que talvez devesse ter dito, mas não adiantaria, ainda não. Respirei fundo e me vi dois anos depois, agora eu já tinha sete. Olha, eu já tenho amigas e já aprendi a me esconder. Vêem? Sete anos e já não se vê mais a minha essência, já há reservas, fortalezas protegendo os sentimentos... Aprendi cedo, as pessoas só podem tocar a superfície.

Estamos em um ginásio de esportes, e eu sentada a vejo passar com mais duas crianças, viro para a pessoa ao meu lado e no exato instante que passo, digo – [b]Essa menina vai ser muito bonita quando crescer.[/b] – Nada modesto da minha parte, eu sei, mas sei também que lembrarei eternamente dessas palavras, eu sei que ela escutou por que virou para trás e me encarou, eu sorrio, ela sorri e continua seu caminho. Essa frase nada modesta vai ser servir como um apoio nos seus piores dias. Muito ainda está por vir.

Eu penso que isso deveria ser permitido, volta atrás... Não mudar fatos, história, mas poder voltar, se olhar... Se ajudar, entende? Com sete anos eu já sabia que vida social não era para mim e quatorze anos depois – oi, eu estou devaneando, posso ter um insight do futuro :-" -  minha mãe diria que o fato de eu ter sido criada afastada de outras crianças me deixara assim, 'reservada', segundo ela e eu vou pensar que não, não mãe, não foi a falta de convívio com outras crianças que me deixou assim... Foi justamente o convívio com elas.