Templates da Lua

sobre Carolina

"Sei que há em toda circunstância alguma espécie de dádiva que o meu coração, tantas vezes míope, não consegue enxergar bem, de longe. O tempo, aproxima as lições. A minha vida reverencia essa sabedoria. Não sei nada, na maioria das vezes não entendo nada... ... ... ... ... MAS EU TENHO FÉ."



diversos



MEMORIES


terça-feira, 13 de outubro de 2009

My Heart is Heavy - Post II

Desviei meu olhar das imagens borradas que iam sendo deixadas para trás, para encarar o estranho que havia sentado ao meu lado. Eu podia sentir meus olhos marejados, podia sentir a total ausência da vontade de lutar contra aquelas lágrimas. Eu já não me importava. Eu realmente não era mais uma criança, mas tudo o que eu queria era poder voltar para casa. Correr para um abraço apertado, de... alguém. Eu só queria poder me sentir segura novamente, escutar qualquer palavra que me acalmasse.

Enquanto eu continuava a encarar o estranho, eu só conseguia me recordar do começo de tudo, “Porquê?” eu queria me perguntar, “O que aconteceu para tudo ficar assim?” eu lembrava de ver Max, um Max diferente, risonho e divertido vir correndo ao meu encontro na praia. Era tão bom simplesmente estarmos juntos, éramos apenas jovens sonhadores. Tão linda a vida que sonhávamos, tão feliz a vida que tínhamos. “E o que temos agora, Max? Por favor, me diga, o que temos agora?”

Então eu sorri, um sorriso bobo, cruel. Cruel pela total falta de sentido que ele tinha, sorrir para a amargura.Desculpe, eu devo ter pensado alto. – Fechei os olhos e meneei a cabeça, tentando esconder as lágrimas que continuavam a surgir – E esse é o menor dos meus problemas. Ele até me fez sorrir, veja só. Tão tola que sou, sorrindo por falar sozinha dentro de um trem. – Abri os olhos, e por um instante pensei ter visto mais naqueles olhos que me encaravam do que eu achava que veria. Não era surpresa, como seria normalmente com qualquer outra pessoa, nem pena ou indiferença.

Talvez tenha sido o que havia naquele olhar que me fez continuar falando, ou, ainda mais provável, eu só precisava falar. De repente, era como se as palavras fossem me sufocar. Eu não podia gritar e me livrar de toda aquela dor, eu não queria mais chorar, parecia tão tolo isso agora. Eu só queria poder falar com alguém. E tão clichê assim, seria com um estranho que tinha algo no olhar e que eu nunca mais veria.

- Mas talvez seja melhor assim, sorrir apesar de tudo. – Dei de ombros e olhei pela janela – A cada quilômetro que chegamos mais perto da estação, estou mais longe de casa. Deixando para trás todos que realmente importam para mim. Venho tentando me convencer a viagem inteira que “não, isso é errado, que meu marido estará me esperando e ele também deve importar”, mas eu não consigo. Não consigo mais mentir para mim mesma sobre tudo isso. Não consigo mais me convencer que as coisas voltarão a dar certo, serão como antes e não apenas “aparência” como vem sendo. Um casamento de aparências, sem sentimentos. Como pude deixar isso acontecer comigo? Eu que sempre prometi a mim mesma que seria diferente de minha mãe, que viveria, que teria amor por viver. E o que sou agora? Alguém que perde um pouco de vida a cada instante, e que não se importa com isso. Me tornei ela. Eu não me importo mais, não me importo mais com nada. E eu queria tanto me importar.

"Talvez você tivesse razão, Jeff. Você disse que eu poderia me encontrar aqui, que a mudança poderia ser sadia, eu poderia começar de novo. Mas você vê? Eu não me importo. O presente e o futuro parecem ambos tão distantes e tão vagos. Eu quero o passado e me apego ao passado por que eu o conheço bem. Sim, você sempre teve razão. Queria poder te escutar dizendo que “não, você não é uma criança tola, Evie”, mas Jeff, eu sou. Uma criança tola com medo do desconhecido, e sem ninguém para ampará-la e pedir que siga em frente. E eu preciso tanto dessa pessoa, Jeff, acredite: Eu sei que eu preciso dela. Eu sinto. Mas você a vê? Queria tanto poder dizer que sim.”


--------------------
user posted image

Nenhum comentário:

Postar um comentário