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sobre Carolina

"Sei que há em toda circunstância alguma espécie de dádiva que o meu coração, tantas vezes míope, não consegue enxergar bem, de longe. O tempo, aproxima as lições. A minha vida reverencia essa sabedoria. Não sei nada, na maioria das vezes não entendo nada... ... ... ... ... MAS EU TENHO FÉ."



diversos



MEMORIES


terça-feira, 13 de outubro de 2009

My Heart is Heavy - Post I

♪ There is no place I cannot go / My mind is muddy but
My heart is heavy, does it show / I lose the track that loses me / So here I go ♫



Deixei minha cabeça pender para o lado, e quis me perder nas imagens borradas da vida que lá fora o trem ia deixando para trás. Meus pensamentos se voltaram para a mudança à Volterra várias vezes desde que eu havia sido comunicada da notícia, mas eu fiz questão de afugentá-los todas as vezes. Como uma criança que teme olhar debaixo da cama e descobrir o que existe lá embaixo. Mas ali, sozinha, dentro do trem em movimento, eu me permiti ter todo tipo de pensamento.

O otimismo inicial se fora no instante em que me vi sozinha, viajando para um país estranho, deixando para trás todos que realmente me importavam. "Não, pensamento errado: Meu marido também importa. Tem que importar." Ele não se fora apenas por eu estar sozinha, ele nunca existiu, na verdade. Fora apenas uma fachada, um modo de deixar as pessoas felizes pela minha infelicidade.

Maximillian havia viajado semanas antes, para cumprir sua agenda de compromissos, não antes de me perguntar muitas vezes se eu ficaria bem viajando sozinha, "Não quer mesmo vir junto? Vou ficar preocupado." E eu respondia que ficaria bem. "Vou ficar bem, prometo." Eu repetia, tentando eu mesma me convencer de tais palavras.

Enquanto as imagens passavam cada vez mais depressa através da janela, eu voltei a um passado remoto, onde o riso ainda era vivo e alto, as lágrimas caíam devido à graça de um motivo qualquer, as conversas eram sempre divertidas com minha irmã, e eu sentia conforto por simplesmente estar em casa. "Quando fora que tudo se perdera?"

As lágrimas surgiram e eu fiz questão de deixá-las cair, como se assim elas fossem levar aquele aperto no peito embora. Eu não era mais uma criança indo fazer sua primeira viagem sem os pais, eu não precisava sentir aquela insegurança, mas ela estava ali e não havia nada que eu pudesse fazer para mandá-la embora.

Notei alguém sentar ao meu lado e limpei as lágrimas, ainda com os olhos fixos nas imagens janela afora, não queria responder perguntas, não ali, não agora. O simples fato de ter algum estranho sentado ao meu lado, me deixou ainda mais sufocada, como se meu espaço estivesse sido invadido novamente, incansavelmente. "Parece que a cada dia perco um pouco mais de vida. Ela está se esvaindo de mim, e eu não sei o que fazer para trazê-la de volta." Eu lembrava de dizer isso à Jeff, e ele respondia que não entendia. "Eu não te compreendo Evie, e eu queria tanto." As palavras martelavam na minha cabeça, noite e dia, "Eu não te compreendo Evie, e eu queria tanto." - Eu também, Jeff, eu também queria tanto compreender.


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